sexta-feira, 14 de março de 2014

O mundo muda

Os leitores desta coluna já estão cansados de ler que os acordos internacionais do clima não decolam e nem nunca decolarão porque não existe governo global. Sem uma instância superior com poder para fazer valer o combinado, nenhum país irá auto-limitar-se, ainda mais porque quem manda no governo está sempre pensando na próxima eleição, e imposto sobre petróleo, por exemplo, nunca é muito popular.
O mundo, felizmente, muda. Ao invés de reduzir suas emissões agregadamente, os países estão voluntariamente adotando regras individuais de mudança. Em 66 países, os quais emitem 88% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, foram implementadas 500 leis nacionais sobre o tema, é o que mostra o recente relatório publicado pela Globe International e Instituto Grantham de Investigação sobre mudança climática e Ambiente do London School of Economics, na Inglaterra. O link para a íntegra deste documento você encontra em http://www.globeinternational.org/pdfviewer.
Naturalmente, os países desenvolvidos têm liderado este esforço, com sua elevada proporção de pessoas minimamente educadas para entender o que é uma estufa, e que por isso pressionam seus governos. Entre eles, está a exceção do Japão, que abandonou algumas de suas metas de redução de emissões em função do desligamento de várias de suas usinas nucleares em decorrência de Fukushima.
Duas regiões que surpreenderam foram a África subsaariana, e a América Latina. Na Bolívia foi lançada recentemente a Ley marco de la madre Tierra y desarrollo integral para vivir bien (que também mostra que a prolixidade não é monopólio brasileiro). O grau de seriedade de implementação é também variável, mas em conjunto, estas centenas de leis implementadas em países com seus sistemas de justiça e polícia, garantem alguma implementação, ao contrário de um combinado na base do fio de barba que os países fazem, e que a menor crise já faz todos abandonarem o barco. Na verdade, recentemente nem mesmo este combinado de brincadeira temos mais. É mais honesto, talvez.
Ao fim, é você, eu, a torcida do Flamengo, o Doutor Zezé e a Dona Mariquinha que decidimos o futuro de nosso planeta.

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