sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Mentiras modernas

A internet não inventou o texto mentiroso, só estimulou sua divulgação. Especialmente na área ambiental, que envolve muita paixão nos formatos de amor e ódio, a fraqueza humana termina colocando a vontade de convencer à frente do bom senso.
No entanto, o texto tendencioso sempre deixa rastros que muitas vezes são fáceis de perceber.
O rastro de mentira mais claro é se o autor agiria de acordo com o que diz. Por exemplo, quase todos textos sobre compostagem na internet foram escritos por pessoas que nunca cuidaram de uma pilha de composto. Os erros são visíveis.
Da mesma forma, são comuns os textos de gente dizendo que podemos tomar veneno. Um certo Walter Williams escreveu que você pode comer 900g de DDT por um ano e meio e que nada acontece. Ele se disporia a fazer isto ? Provavelmente não, porque ele próprio sabe que sua fonte (o livro de um financista) é fraca.
A fonte importa muito. Outro dia em uma roda de amigos ouvi que a produção local de alimentos não reduz a emissão de carbono de acordo com um “estudo científico sério da Austrália”.
Se um não se dá ao trabalho de citar suas fontes, não pode querer ser ouvido a sério, mais ainda se fere o bom senso.
A citação do livro de Rachel Carson “A Primavera Silenciosa” serve como alerta vermelho. Suas inconsistências são muito usadas para acusar o ambientalismo como um todo. O livro foi escrito há mais de meio século e acertou de maneira ampla, ainda que tenha falhado em muitos detalhes, e evitou que  coisa pior acontecesse em um tempo em que se fazia aplicação de inseticidas carcinogênicos em bairros inteiros. Salmos 137:9 diz que é feliz atirar os filhos contra as pedras. Seria razoável usar isto para atacar o catolicismo?
Desconfie quando a fonte não for clara, e desconfie quando for clara também. Um periódico cientifico é vacina contra erros crassos, mas é inacreditável o que um doutor e um computador são capazes de criar, mesmo com as melhores intenções.

Preste atenção porque somos agora responsáveis não só pelo que falamos, mas também pelo que divulgamos. 

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