Nesta semana vimos os presidentes das duas nações campeãs de
emissão de carbono apertarem as mãos fechando um importante acordo para futuras reduções.
Em minha cabeça pairam dúvidas se a coisa é para valer. Até
compreendo que não se pode reduzir as emissões de paises inteiros do dia para a
noite, mas muita coisa pode mudar no prazo de 10 anos para os EUA reduzirem
suas emissões para pouco mais de 4 Petagramas de Carbono/ano, ou nos 15 anos acertados
para a China parar de aumentar suas emissões.
Na pouco democrática República Chinesa, as condições para
cumprir o trato talvez sejam melhores, mas nos EUA o cabelo de Obama ficará
ainda mais branco para que o Congresso Republicano recém eleito aprove o trato
com os chineses.
Ainda que o argumento republicano de que “não adianta reduzir
as emissões se os chineses também não reduzirem” esteja agora enfraquecido,
ainda sobra o outro de que a redução de emissões irá levar a redução de
empregos. Obama terá que provar que há suficientes empregos e atividade
econômica na mudança da matriz energética norte americana.
O acordo também prepara o clima (não perdoem o trocadilho)
para a reunião de 2015, em Paris, que pretende chegar a um acordo internacional
de limitação de emissões com validade legal, já que o anterior de Kyoto foi um
fracasso total, em parte pelo fato de não contar com a assinatura norte-americana.
Se este trato se mantiver pelo menos até o fim de 2015, há
boas chances dele ter conseqüências positivas no encontro de Paris. Aliás, o
timing foi perfeito para causar marola já no encontro do G20 deste fim de
semana, que ocorre sob a batuta do retrógrado líder Tony Abbott. Ele que
mereceu o bem humorado protesto de um grupo de australianos enfiando a cabeça
na areia, pensava em desviar a atenção da reunião para longe das mudanças climáticas.
O histórico aperto de mão de Obama e Jinping irá provavelmente frustrar as
expectativas do líder.
Apesar do ceticismo que os anos trazem, não escapei de certa
esperança ao ver 40% das emissões de carbono mundiais (China + EUA) concordarem
em serem mais bonzinhos daqui por diante.
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