Nesta semana uma internação
hospitalar de minha mãe me fez recomeçar a ler Raízes do Brasil, o livro de 1936
de Sergio Buarque de Holanda.
Vi que as atenções se voltaram
para a Assembléia Legislativa em Curitiba, mas enquanto isto, muita coisa
aconteceu em Brasília, na Câmara dos Deputados.
O projeto de lei que regulamenta
a rotulagem de transgênicos no Brasil, em tramitação desde 2005, foi reprovado
nesta semana.
Impedindo a rotulagem, a bancada
ruralista e as empresas tomaram uma posição contraditória e arriscada para si
próprios. Se afinal a coisa é tão inócua quanto dizem, não desejariam eles a
rotulagem como forma de divulgação de seus produtos?
Resumindo; Por que esconder se os
transgênicos não fazem mal?
Mas isto não foi tudo. Nesta
semana a bancada ruralista também conseguiu descaracterizar o marco legal da
biodiversidade a ponto de tirar a permissão de uso do IBAMA e colocá-la no
Ministério da Agricultura de Kátia Abreu, fervorosa defensora da Biodiversidade
e dos direitos dos povos indígenas, estes que são em alguns casos detentores de
direitos sobre o patrimônio biológico, de acordo com a bancada ruralista não
serão ouvidos nunca.
Some aí na lista a destruição do
Código Florestal (um esforço jurídico de 8 décadas), em 2013, e não esqueça
também que o Cadastro Ambiental Rural acaba de ser postergado por um ano. O CAR
é a distração dada aos ambientalistas para que parem de insistir nesta bobagem
de área florestal. Nem mesmo uma data para registrar a Reserva Legal este país
consegue impor.
Mas voltando ao livro Raízes do
Brasil, a grandeza de Sergio Buarque de Holanda é explicar a gênese de nosso
país de maneira tão fidedigna que continua válida oito décadas depois.
Veja isto;
Nos domínios rurais, a autoridade do
proprietário de terras não sofria réplica. Tudo se fazia consoante sua vontade,
muitas vezes caprichosa e despótica.
Enquanto se mantiver esta Câmara
de Deputados, nada que possa desgostar os ruralistas irá ser aprovado.
Para breve aguardem o retorno das
sesmarias e do escravagismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário