terça-feira, 20 de agosto de 2019

Esclarecendo o céu de fuligem





No último domingo (18/08/19 ) eu estava na horta quando notei uma luz diferente, e o sol muito mais fraco, a ponto de conseguir enxergá-lo. Minha TL ficou repleta de fotos de todo sul do país.






















Duartina





















Marília


   

















 Rio de Janeiro




















E a de Londrina, pelo genial Luis Eduardo Rampazzo

O tom do sol e da névoa eram muito parecidos com os das cidades do arco do desmatamento, mas nunca tinha visto por aqui. No dia seguinte, encontrei um grupo de profs da UEL, todos morando há décadas na região, tirando fotos. Alguns faziam brincadeira com o apocalipse.















Uma imagem do CopernicusEU com os níveis de aerossóis mostrou que havia um tanto de verdade nesta brincadeira.

A condição normal de cidades do arco do desmatamento chegou ao sul, Por que?
Porque além do desmatamento bem maior, alguns produtores do Pará resolveram fazer um “dia do fogo”. A história me pareceu uma daquelas de internet, até que eu vi este gráfico do INPE;









Há também imagens da região que você vai achar com facilidade.

A bem da verdade, o imbróglio todo começou algum tempo antes, com o presidente desacreditando o INPE e demitindo o diretor, o que naturalmente abriu a porteira para que o pior do agronegócio riscasse o fósforo. Além de mim, diz isto também Mauro Lucio Costa, pecuarista no Pará. Esse não é muito conhecido? Então tem também Blairo Maggi, Katia Abreu e Marcello Brito da ABAG. As figuras mais proeminentes do agronegócio, que sempre antagonizaram com as limitações ambientais, estão agora preocupadas com as consequências disso tudo. Nem elas queriam ir tão longe.

A gota de água foi a chegada desta nuvem de aerossóis em São Paulo, lá pelas 1400 da segunda dia 19/08/2019. O tom sépia, o encobrimento do sol, são normais para Porto Velho ou Rio Branco, mas não para os paulistanos. Para piorar, logo depois, às 1500 veio uma tempestade daquelas de escurecer, o que não tem a ver, mas assustou ainda mais os paulistanos. Quem esclareceu estes dois eventos próximos, mas independentes, foi o Alberto Setzer, chefe do Programa Queimadas do INPE, em um atencioso email.

De noite, ainda teve o William Bonner comparando Lula com Bolsonaro, dizendo que ambos mandaram a Europa cuidar do próprio nariz quando foram acusados de deixar a Amazonia queimar, e ele tem razão. Lula de fato falou isto, ainda que o desmatamento nos anos Lula tenha sofrido grande e constante redução.

Felizes os paulistanos, porque para o interior, não há notícia do rio voador que traz chuvas da Amazônia para o sul/sudeste. Até outubro, o que temos é mesmo o rio de fuligem que se soma a poeira local.

Já cuidou de uma árvore hoje?

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