sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mapa do tesouro

Todos somos inimigos das embalagens, ou deveríamos ser.

Embalagens são a melhor representação do consumismo porque voce não a veste, não a bebe e não a usa e por isso todos impactos ambientais associados a ela são vistos como desnecessários.

Como todo ambientalista merecedor do título, ando com sacolas no carro, carrego pequenas compras na mão e até levo laranjas em minhas viagens para depois trazer as cascas de volta para seu descanso eterno em minha composteira.

No entanto, não gosto da demonização da embalagem e o primeiro motivo é o aforismo lacaniano “Quem ama, dá o que não tem”. Se todo seu envolvimento com o futuro do mundo como nós o conhecemos é andar com sacolas no carro, é porque você não está de fato preocupado. Se estivesse, abriria mão do carro, da casa e do conteúdo que está dentro da embalagem também. Isto vai prejudicar seu emprego, o conforto de sua família, sua vida enfim ? Pois é exatamente a vida “normal” de 6,5 bilhões de pessoas que está acabando com nosso planeta.

Na semana passada a designer Cinara Bastos de Londrina me pergunta qual seria afinal a embalagem mais ambiental para um produto líquido. A pergunta aparentemente simples evidencia a falta de um mapa para o ambientalismo. Sabemos onde queremos chegar (todos usando sacolas e andando de transporte coletivo, por exemplo), mas não sabemos qual o caminho para chegar lá.

Por uma daquelas sincronias ao gosto agora de Jung, dias depois desta pergunta me vi seguindo uma embalagem tetrapak desde seu berço em um gigantesco eucaliptal em Telêmaco Borba-PR até tornar-se alumínio, plástico e papelão em Piracicaba-SP. Tivemos a ajuda do fabricante para escolher a embalagem correta, porque se for depender da sorte a chance de terminar em um lixão seguindo uma embalagem tetrapak é de ¾. A reciclagem consiste em colocar as embalagens em uma máquina de lavar do tamanho de um ônibus que retira o papelão. O plástico misturado com alumínio que sobra pode ser derretido e tornar-se qualquer coisa como caneta, escova ou vassoura.

A limitação para chegarmos a reciclar todas embalagens tetrapak é separarmos mais, e há dois caminhos para chegar lá. Educar os consumidores e pagar mais pelo material reciclado. Não é por outro motivo senão o cifrão que quase todas latinhas de alumínio são recicladas, e esta é minha resposta para a embalagem mais ambiental.

Assim como me dou ao trabalho de trazer a “embalagem” de minhas laranjas para um local onde elas se transformarão em adubo, também compraria uma massa de tomate que me tomasse 1 real a mais na compra e o retornasse quando a devolvesse lavada em algum lugar. Neste nosso mundo novo, educação e massa de tomate andam juntas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário