Durante minha curta temporada como
professor do fundamental, houve uma campanha para aumentar o consumo de leite
de soja. As professoras recitavam seu texto laudatório em aula e no recreio tomavam
Coca-Cola na frente de todos.
Vida afora tenho lembrado daquela campanha com
prejuízos maiores que benefícios.
Nesta época do ano começam a chegar os
convites para participar de uma e outra campanha que serão lançadas em
setembro. Estas pessoas e empresas estão buscando um exemplo que elas julgam
positivo, mas não há como buscar um exemplo fora de si. Exemplo é de dentro
para fora.
Talvez tenha havido um tempo em que as
pessoas engoliam um “faça o que eu falo não faça o que eu faço”. Hoje, mesmo as
crianças percebem a falta de coerência. Baryshnikov disse que é cruel exigir
das pessoas que façam mais do que você. Ao contrário, a força natural de um
exemplo o faz voar longe. Lembra-se da história do engenheiro sueco da Volvo
que chegava cedo e estacionava longe para que os colegas atrasados precisassem
andar menos ? Voce nunca verá uma
campanha sobre altruísmo na Volvo, porque ele parece ser natural.
As campanhas ambientais não têm resultado
por sua superficialidade. Há alguns anos um Shopping de Londrina fazia o que
eles chamavam de campanha de educação ambiental, contratando atores a preço de
banana para “dar aula” sobre bichinhos, enquanto pequenas ações de redução de
embalagens poderiam surtir muito mais resultado.
Thomas Jefferson, também foi um cara com
excelentes idéias, entre elas o abolicionismo, mas ficou na história como
abolicionista “para as nêga dele”, e ele de fato tinha várias; duas centenas de
escravos.
Se voce não quer ser estar ao lado de Jefferson,
dê o melhor exemplo que puder dar, aliás estamos juntos neste barco, driblando
as pressões para ter o maior carro e a maior casa. O que não puder fazer, não
faça. Vale pensar, sonhar como poderia fazer melhor, mas não vale fazer
campanha para os outros mudarem de vida enquanto a própria continua
igual.
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