sexta-feira, 19 de julho de 2013

Campanhas

Durante minha curta temporada como professor do fundamental, houve uma campanha para aumentar o consumo de leite de soja. As professoras recitavam seu texto laudatório em aula e no recreio tomavam Coca-Cola na frente de todos.
Vida afora tenho lembrado daquela campanha com prejuízos maiores que benefícios.
Nesta época do ano começam a chegar os convites para participar de uma e outra campanha que serão lançadas em setembro. Estas pessoas e empresas estão buscando um exemplo que elas julgam positivo, mas não há como buscar um exemplo fora de si. Exemplo é de dentro para fora.
Talvez tenha havido um tempo em que as pessoas engoliam um “faça o que eu falo não faça o que eu faço”. Hoje, mesmo as crianças percebem a falta de coerência. Baryshnikov disse que é cruel exigir das pessoas que façam mais do que você. Ao contrário, a força natural de um exemplo o faz voar longe. Lembra-se da história do engenheiro sueco da Volvo que chegava cedo e estacionava longe para que os colegas atrasados precisassem andar menos ?  Voce nunca verá uma campanha sobre altruísmo na Volvo, porque ele parece ser natural. 
As campanhas ambientais não têm resultado por sua superficialidade. Há alguns anos um Shopping de Londrina fazia o que eles chamavam de campanha de educação ambiental, contratando atores a preço de banana para “dar aula” sobre bichinhos, enquanto pequenas ações de redução de embalagens poderiam surtir muito mais resultado.
Thomas Jefferson, também foi um cara com excelentes idéias, entre elas o abolicionismo, mas ficou na história como abolicionista “para as nêga dele”, e ele de fato tinha várias; duas centenas de escravos.
Se voce não quer ser estar ao lado de Jefferson, dê o melhor exemplo que puder dar, aliás estamos juntos neste barco, driblando as pressões para ter o maior carro e a maior casa. O que não puder fazer, não faça. Vale pensar, sonhar como poderia fazer melhor, mas não vale fazer campanha para os outros mudarem de vida enquanto a  própria continua igual.

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