A internet não
inventou o texto mentiroso, só estimulou sua divulgação. Especialmente na área
ambiental, que envolve muita paixão nos formatos de amor e ódio, a fraqueza
humana termina colocando a vontade de convencer à frente do bom senso.
No entanto,
o texto tendencioso sempre deixa rastros que muitas vezes são fáceis de
perceber.
O rastro de
mentira mais claro é se o autor agiria de acordo com o que diz. Por exemplo, quase
todos textos sobre compostagem na internet foram escritos por pessoas que nunca
cuidaram de uma pilha de composto. Os erros são visíveis.
Da mesma
forma, são comuns os textos de gente dizendo que podemos tomar veneno. Um certo
Walter Williams escreveu que você pode comer 900g de DDT por um ano e meio e que
nada acontece. Ele se disporia a fazer isto ? Provavelmente não, porque ele
próprio sabe que sua fonte (o livro de um financista) é fraca.
A fonte
importa muito. Outro dia em uma roda de amigos ouvi que a produção local de
alimentos não reduz a emissão de carbono de acordo com um “estudo científico
sério da Austrália”.
Se um não
se dá ao trabalho de citar suas fontes, não pode querer ser ouvido a sério,
mais ainda se fere o bom senso.
A citação
do livro de Rachel Carson “A Primavera Silenciosa” serve como alerta vermelho.
Suas inconsistências são muito usadas para acusar o ambientalismo como um todo.
O livro foi escrito há mais de meio século e acertou de maneira ampla, ainda
que tenha falhado em muitos detalhes, e evitou que coisa pior acontecesse em um tempo em que se
fazia aplicação de inseticidas carcinogênicos em bairros inteiros. Salmos 137:9
diz que é feliz atirar os filhos contra as pedras. Seria razoável usar isto
para atacar o catolicismo?
Desconfie
quando a fonte não for clara, e desconfie quando for clara também. Um periódico
cientifico é vacina contra erros crassos, mas é inacreditável o que um doutor e
um computador são capazes de criar, mesmo com as melhores intenções.
Preste
atenção porque somos agora responsáveis não só pelo que falamos, mas também
pelo que divulgamos.
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