sábado, 26 de setembro de 2020

Tem coelho neste mato

 Nesta semana uma figura me fez retornar de minha aposentadoria do facebook, porque estivesse ela correta, todo o controle de desmatamento construído desde os anos 80 teria sido inútil .

Ben Franklin, Pedro II e Darwin tinham atração por ideias que contradiziam suas crenças, e foi tentando seguir o exemplo deles que comecei a prestar atenção nesta figura:

 

Não é necessária muita atenção para ver os coelhos neste mato.

Coelho 1: Inpe não é fonte, é uma instituição que já publicou muitos milhares de trabalhos desde sua fundação. Por que esconder a revista, o link ou o pesquisador de onde saíram estes dados?

Coelho 2 Por que usar imagens irregulares como chamas? O que estaria escondido nos dados menores que estas chaminhas irregulares tornam iguais?

Coelho 3 O que esta imagem borrada e meio verde do país faz aí? Ela adiciona informação ou opinião? Idem para um logotipo “geográfico” desconhecido.

Coelho 4 O mais importante de todos: Por que começar em 2001, se há dados anteriores? Em dados amplos, com muito ruído, se você começar a escolher, achará o que quiser encontrar, mas é válido escolher? Igualmente, por que comparar o dado parcial de 2020 com anos inteiros anteriores, se há dados mensais disponíveis, possibilitando comparações mais precisas? Qual o critério para usar anos impares e esconder os outros? 

Coelho 5 Por que utilizar dados do Brasil inteiro se conseguimos separar Pantanal e Amazônia, que estão em discussão agora, senão para tentar “diluir” os dois no resto do Brasil?


Vamos desmatar esta confusão e apresentar os dados completos da forma mais clara possível?

Neste link você poderá ver a tabela de onde saíram as très figuras abaixo 


O próximo gráfico contém dados comparáveis com a figura lá de cima. Ela mostra que nesta mistura de tantos biomas e estados que é o Brasil, conseguimos, de 2010 para cá, ter menos focos de incêndio que tínhamos até este ano, ainda que haja muita variação em todo período de 98 até hoje.

  


Se você quiser olhar para os dados de janeiro a agosto (próximo gráfico), já dá para incluir 2020, e então percebe se que 2019 e 2020 foram os anos com mais focos de incêndio neste patamar mais baixo que conseguimos após 2010.

 


Mas por que misturar Pantanal, Cerrado e Amazônia quando temos dados separados? Talvez porque o pantanal é muito menor que a Amazônia, então grandes mudanças nele ficariam escondidas ao serem colocados juntos? Igualmente, Pantanal e Amazônia
, quando colocados juntos com todo o pais, também tendem a ter sua variação escondida.

 

Olhando só para a Amazônia, vemos os anos de 2019 e 2020, agora bastante acima dos anteriores. 



E o Pantanal, como está?

 


Este é o coelho que está escondido no mato da primeira figura .

Ainda deve haver outro coelho nesta escolha esquisita de “quantidade de focos” quando há dados de área de incêndio, mas deixo esta para outro dia.

Agora, se vocês me dão licença, retorno à minha aposentadoria do facebook.


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