sexta-feira, 11 de abril de 2014

Divestimento no clima

A força mais poderosa do universo, de acordo com Luis Stuhlberger, são os 100 trilhões de dólares dos fundos mundiais de investimento.
Ele deve saber o que fala, é o gestor do fundo verde do Banco Credit Suisse.
A estratégia mais promissora para tentar resolver o problema do clima está exatamente nos fundos de investimento, conhecidos como o órgão mais sensível do homem.
Nesta semana, uma de minhas alma-mater, Harvard, decidiu não mais investir em empresas relacionadas a grandes emissões de carbono, como as petrolíferas. Os recursos que mantém Harvard são tão grandes, da ordem de 33 bilhões de dólares, que se ela vendesse tudo que possui destas empresas, poderia derrubar seu preço, causando perdas para si mesma. De toda forma, o simples passo de não colocar mais dinheiro nelas já estabelece um exemplo a ser seguido e as coloca na defensiva.
A Exxon, por exemplo, na internet se diz apoiando a iniciativa One trillionth (um medidor mundial da emissão de carbono, muito interessante), mas quando chega a hora de lidar com o órgão mais sensível do homem, diz a seus investidores que não terá dificuldades para usar o petróleo de que é proprietária, uma quantidade de carbono algumas vezes maior do que seria seguro emitir.
E se os investidores começarem a achar que este petróleo todo é mais problema do que solução ? E se, não perdoem o trocadilho, Harvard fizer escola ? E se os investidores acharem que gastar 100 milhões de dolares/dia para encontrar novas fontes de petróleo, que talvez nunca serão utilizadas é um gasto sem sentido?
Não foi fácil fazer a Exxon produzir um relatório de risco de carbono, na verdade ela é meio como o Pedrinho, quando faz coisa errada, sai com um “não quero falar disso” quando então precisa de alguma pressão para se pronunciar. No caso da Exxon, a pressão foi feita pelos investidores, e eles ingenuamente escolheram o dia 31 de março para divulgar seu relatório, o mesmo dia da divulgação do relatório do IPCC, que mostrou que a coisa vai piorar antes para os mais pobres, e que isto será uma fonte mundial de fome e instabilidade econômica e política.
E agora eu pergunto, será que quando o estômago ronca, o órgão mais sensível do homem ainda é o fundo de investimento ?

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