Nesta semana os
Estados Unidos tomaram uma medida importante para tentar evitar o progressivo declínio
das colméias de abelhas em todo mundo desenvolvido, que talvez também esteja
ocorrendo por aqui, desapercebidamente. De uma canetada, foi determinada a
restauração de quase 3 milhões de ha de ambientes positivos para polinizadores.
Isto é bom ou mal?
Além da parte
obviamente positiva, este decreto tenta esconder a real causa do problema que são
os inseticidas neonicotinóides, amplamente usados na agricultura veja uma coluna de 2014 .
Não há reserva que
resolva enquanto as abelhas estiverem morrendo como moscas (não perdoem o
trocadilho).
Não precisa ir longe
para ver o certo sendo feito pelo motivo errado. Depois de fugido o cavalo, São
Paulo está, por diferentes meios, consertando a cerca e estimulando a
restauração florestal na Cantareira.
Faz mais de século que
sabemos que árvores retiram água do solo. Mesmo considerando o tanto que elas
ajudam a infiltrar, há um débito. Árvores melhoram a qualidade da água, mas
reduzem sua quantidade.
Como o Governo de São
Paulo tem demonstrado estar disposto a servir qualquer tipo de água para resolver
o problema, o coerente seria cortar árvores para reduzir a evapotranspiração.
Os benefícios das
árvores vão da física à psicologia, mas mesmo elas podem ser usadas para
iludir. O óbvio e histórico problema de São Paulo é falta de mecanismos de
conservação e redução de consumo, mas isto envolve parar de passar a mão na
cabeça do cidadão e informá-lo, mas qual político correrá o risco de fazer o
certo pelo motivo certo?
Em Londrina, a
Prefeitura e alguns vereadores querem por que querem (e por que querem tanto ?)
criar um novo distrito industrial próximo ao maior fragmento de floresta em
centenas de km, a Mata dos Godoy.
Ainda que seja sempre
correto visar o desenvolvimento e a geração de empregos, a tentativa esconde
certa luxúria imobiliária. A cidade já tem distritos industriais, e eles estão
longe de cheios. A cidade como um todo, aliás, tem mais de 50% de terrenos
vazios.
Falando em emprego,
fico com dó de ver quase todos ambientalistas da cidade gastando seu precioso
tempo em reuniões modorrentas para falar o óbvio, mas talvez seja este mesmo
nosso sacerdócio.
Também na conservação
existe a conhecida estratégia de usar espécies-bandeira. A idéia é conseguir
recursos para a conservação de determinada espécie carismática como baleias ou
mico-leões dourados e daí usa-los para conservar o ambiente destas espécies,
que naturalmente envolve muitas e muitas outras espécies. É uma estratégia tão
clássica que já nem mais assusta ninguém, mas é aí que mora o perigo.
Mas é de balela em balela, mesmo que pequenas, com
baleias, que o mundo vai ficando como está.
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