Precisa
de foto para percebermos que fomos longe demais?
Refugiados
morrem todo dia, às centenas. não precisa ir a Síria, basta ir ao posto de
saúde ou ao bairro pobre. A Síria é aqui, há refugiados de todo tipo ao redor.
Sempre
desconfiou-se que o herbicida Glifosato é cancerígeno. Agora até a Organização
Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde confirmam. Qual foto precisa para
mostrar que o lucro de uns é o câncer de outros?
Enquanto
a temperatura do planeta sobe, continuamos ostentando nossos tanques de guerra
urbana e reclamando das bicicletas. Precisa de foto também?
Quantos
tratamentos cardíacos não acontecem por causa de corrupção na política? Tem
foto?
Laboratórios
de remédios distribuem mimos para médicos. Quantos de nós estão pagando para
ficar ainda mais doentes? Alguém fotografou?
Umas
tantas racionalizações talvez mantenham esta porcariada longe de alguns de nós,
mas a bem da verdade é nossa humanidade que é levada diariamente aos poucos
pelas ondas do mar.
A
situação na Síria ficou conhecida só agora, mas não é nova. Entre 2006 e 2009
uma seca extrema, sem paralelo na história do Crescente Fértil mandou os
agricultores para as cidades, muitos em subempregos.
Se
você não conhece a história do Crescente Fértil, deveria, porque nossa
humanidade nasceu lá, há dezenas de milhares de anos, com o excedente dos
campos naturais de trigo servindo para estabelecer cidades, escrita, cultura e
tudo o mais que nos faz humanos.
Tendo
começado antes, este deveria ser um lugar excepcional, onde todos gostariam de
morar, assim, uma escandinávia. Ao contrário, 20.000 anos de “humanidade” só
fizeram desertificar e criar uma multidão de refugiados.
A
morte desta criança não era só diretamente evitável. No começo deste ano o
prestigioso periódico Proceedings of the
National Academy of Sciences
publicou artigo provando que a seca recorde de 2006-2009 resultou das
mudanças climáticas. Lembre de Aylan quando
ligar seu tanque de guerra para levar seu filho para a escola.
Não
deveriamos precisar de foto para sabermos que fomos longe demais.
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