sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Passeando em Nagoya

A décima Conferência das Partes sobre biodiversidade chega hoje ao fim sem perspectivas de grandes resultados.

No último sábado um aluno do MBA da UFPR sem querer me explicou a razão dos sucessivos fracassos destas reuniões internacionais.

Eu falava sobre sensoriamento remoto e ele me perguntou se havia algum controle internacional para lançamento de satélites. Com exceção da claudicante Organização Mundial do Comércio que tem alguma força, o que existe de controle internacional são estes bate papos descompromissados com nomes pomposos como o que inicia esta coluna. Satélites se chocam no espaço da maneira mais incompetente possível, assim como a política ambiental internacional.

As notícias que saem destas reuniões não são produzidas alí. Japão irá doar 2 bilhões de dólares para conservação em países subdesenvolvidos. Desmatamento na Amazônia é reduzido, O monitoramento do desmatamento brasileiro servirá para outros países. É uma modo dispendioso de divulgação.

A notícia que todos queremos ouvir;

Estados Unidos concorda em reduzir seu consumo de energia à média mundial, Japão não caçará mais baleias e Brasil não irá mais cortar árvores, não sairá destes encontros porque garotos brigões não fazem as pazes sem que um pai firme os force a fazer o que é melhor para eles próprios. Largados à sua própria sorte, eles se baterão até a morte. É o que estão fazendo.

A única vantagem destas reuniões é conhecermos o que ONGs e países mostram nesta grande vitrine. A Nature Conservancy em conjunto com a universidade de Cambridge, por exemplo, está divulgando um trabalho de revisão de mais de 400 trabalhos científicos sobre a relação entre redução da pobreza e biodiversidade, mostrando que agrofloresta, pesca dos excedentes das unidades de conservação e turismo são as modalidades com maiores benefícios para os moradores de áreas conservadas.

Outro estudo recente de Stuart Pimm da Universidade de Duke na revista Natureza e Conservação, mostra que talvez já conseguimos dar nome para a metade das espécies de plantas da Amazônia. Digo talvez porque como o número de espécies descritas está ainda em franco crescimento, não há como prever com precisão onde vá parar.

Seria uma idéia em um próximo estudo comparar a velocidade com que uma vasta área de floresta é capaz de criar espécies, com a velocidade que os taxonomistas dão nome às espécies. Talvez só consigamos descrever todas espécies da Amazônia quando acabarmos com ela.

Para nossa felicidade, a natureza continua a criar espécies independentemente de quanto café e querosene de aviação se consome em Nagoya, Kyoto, Copenhagen, Bali, Rio  e tantas outras destinações turísticas.

 

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