quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Dogmas não são dialéticos

O que acontecerá agora que descobriu-se que as constelações não estavam onde os astrólogos pensavam ?

Alguém cairá em si que por centenas de anos nenhum destes idiotas de turbante se deu ao trabalho de olhar para as constelações de que tanto falam ? Alguém perceberá que se afinal de contas as pessoas eram de um signo e achavam que era de outro é porque na verdade tanto faz ?

Talvez Parke Kunkle ingenuamente acredite que sua descoberta mudará algo. Eu não, porque dogmas não são dialéticos. Voltemos para o ambiente para eu explicar esta expressão digna de Jornada nas Estrelas.

Dogmas são verdades acima de discussão, coisas como a existência de Deus ou o time do coração, e há muito mais de dogma na vida das pessoas do que elas reconhecem. Quando quase mil pessoas morrem nas serras do Rio porque construíram suas casas ilegalmente, o bom senso diria que precisamos enrijecer a lei. Ser dialético é dialogar com a realidade.

Já o dogmático não quer saber. As pessoas morreram ? Acabemos com o Código Florestal. O preço da soja está baixo ? Acabemos com o Código Florestal. Precisamos competir com a China ? idem, idem idem

É inútil tentar convencer que no longo prazo o maior beneficiado pela melhoria do solo, água e combate de pragas seria a própria agricultura, quando o dogma é multiplicar 30 m pela extensão do rio e pensar quantos dólares de soja são perdidos por ano.

Mas aqueles 30 m melhoram a produtividade de todo campo ! Os ruralistas querem acabar com o Código Florestal.

Se você ainda acha que esta é uma questão "que depende do ponto de vista", é só porque a mídia tem colocado em pé de igualdade pesquisadores com décadas de experiência e produtores rurais com interesses próprios e de curto prazo como Kátia Abreu.

O que ganha, por exemplo, o Professor Gerd Sparovek da USP ao publicar estudo provando que há toda uma fronteira agrícola nas áreas degradadas pela agricultura ? Seu salário não aumenta, ao contrário, ele dá a cara a bater por uma idéia. De toda forma, será difícil bater no "Dr Comprido". Quem estudou com ele viu que desde tenra idade ele não se engana fácil.

Mostre-me um único pesquisador a favor da mudança do código que não seja proprietário de terras e eu próprio me tornarei um dogmático a favor de derrubar a floresta ripária para plantar soja.

A humanidade levou só 100 anos para livrar-se do flagelo milenar do escravagismo. Muito mais rápido hoje podemos nos livrar do pensamento anti- ambiental de curto prazo, mas para isso precisamos parar de ouvir aqueles que gritavam que a agricultura iria acabar sem os escravos, assim como seus bisnetos que repetem agora que a agricultura vai acabar se cuidarmos do ambiente do qual ela própria depende.


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