sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Era só fumaça no WTC ?

A queda das torres gêmeas afetou o mundo também em sua dimensão ambiental. Prédios de escritórios possuem grande quantidade de computadores, revestimentos de chão e paredes, vidros (aqueles prédios, especialmente) amianto, aço, madeira. Você mesmo pode ir aumentando a lista.

Mais que simplesmente cair, este coquetel de substâncias foi derretido com a incineração de 170.000 litros de querosene, aí pelos 300 graus. Incinerados, os plásticos liberam dioxinas e os metais derretem. Tudo isto foi conduzido para as traquéias e pulmões das pessoas através do pó de amianto. Seu pó muito fino não é filtrado pelas nossas narinas.

Este acidente criou substâncias químicas até então desconhecidas (na verdade continuam desconhecidas). Para piorar a situação, esta queima foi realizada junto com o concreto, o que implica que estes metais, dioxinas e amianto foram derretidos em pH de soda cáustica.

O mais próximo que chegamos disto é nas emissões vulcânicas, mas ao contrário do WTC, as emissões vulcânicas são ácidas. Nosso sistema respiratório reage bem aos gases ácidos, mas não reconhece os básicos, deixando-os passar. Os sintomas são tão claros que agora tem nome; “Tosse WTC.

Seguindo a regra de outros acidentes ambientais, o governo primeiro nega e depois sob pressão, confirma. Os informes da agência ambiental norte americana (EPA) foram vetados pela então consultora do Departamento de segurança nacional, Condoleza Rice, e mesmo aqueles divulgados na época foram posteriormente considerados, pelo próprio EPA como “sem fundamentação adequada”.

Em um terceiro momento, começa a guerra de estatísticas, quando os dados sofrem toda sorte de torturas até dizerem o que se deseja ouvir. Um artigo recente na prestigiosa revista científica Lancet de 3/09/2011 sugere que a taxa de mortes entre os voluntários do acidente seria menor entre os que trabalharam no salvamento e resgate (1%) que entre os que não trabalharam (2%). Um ponto positivo desta revista é explicitar as fontes de recurso. Entre outros, consta a secretaria de saúde da cidade de Nova York.

Aprendemos há mais de um século que as novas tecnologias trouxeram perigos sem cor, cheiro ou sabor (não é o caso da fumaça do WTC, que os sobreviventes dizem ser parecida com chupar uma moeda de cobre). No século 21 e em NY, ainda penduramos a conta da contaminação desconhecida na caderneta do cidadão inocente. Você paga quando quer algo, mas paga também quando não quer.

Seria bom se este acidente tivesse servido ao menos para percebermos quão pouco sabemos sobre o corpo humano, a natureza e como ambos interagem. Infelizmente é mais provável que toquemos nossa vida sem perceber as muitas torres gêmeas perto de nós.

Veja o resumo do artigo da Lancet neste link:

E o relatório do EPA:
http://www.epa.gov/oig/reports/2003/WTC_report_20030821.pdf

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