Nesta semana nascerá o 7.000.000o habitante da Terra. Vivemos o maior crescimento populacional da história da espécie humana. Para chegar ao primeiro bilhão levamos toda a idade da Terra, depois em 123 anos chegamos a dois bilhões e agora crescemos mais 1 bilhão em 11 anos.
Neste mês vimos artigos do tipo “Iremos alimentar 10 bilhões de pessoas ?” ou “Planeta sedento”. Estou pouco preocupado com a quantidade de gente. Até digo quanto. Estou 7% preocupado com toda esta gente no planeta. 7% das pessoas contribuem para a metade do carbono do planeta. 500 milhões de pessoas causam um estrago igual aos outros 6,5 bilhões.
Este grupo tipicamente se reproduz pouco no sentido biológico aliás, já devem até estar diminuindo, como o planeta também estará em poucas décadas. Culturalmente no entanto, estes 500 milhões são o objeto de desejo do resto do planeta e se reproduzem a dar inveja em Xeque Árabe. Todos queremos ter carro(s), casa(s) com gramado e trabalhar em um escritório de vidro (o último sem plural, é claro).
Até agora não vi um artigo do tipo “Como motorizar um bilhão de pessoas” (talvez porque seja tão possível fazer quanto subir para baixo ou entrar para fora). Se as pessoas comessem, dormissem, vestissem e produzissem os resíduos resultantes disto e somente disto, poderíamos manter 13 bilhões de pessoas com os custos ambientais atuais.
No ano passado, a consultoria Britânica Trucost produziu um relatório para as Nações Unidas que mostra que a cada ano, 3000 empresas causam 2,15 trilhões de danos ambientais, isto sem considerar possíveis colapsos futuros.
Escolha você o sonho demográfico. Zerar o crescimento populacional da África ? Cortar pela metade o do Afeganistão ? Nada disto mudará o planeta. Aliás, não é a redução da natalidade que melhora a vida das pessoas. É a melhoria de vida e principalmente a melhoria da cabeça das pessoas que reduz a natalidade. Os 500 milhões de afluentes estarão fritos no dia que os bolsões de pobreza do planeta melhorarem de vida porque o planeta não será mais o seu Jardim privado do Éden.
O crescimento populacional não é o cerne do problema porque nele o individual não briga com o coletivo. Menos filhos é bom para as famílias e para o planeta. O problema está quando é necessário cercear o indivíduo em prol do bem comum. Algum dos 400 milhões aceita dirigir um carro de duas portas com vidro de manivela ? Não. Este é um carro chamado de entrada, análoga à porta de entrada dos vícios químicos.
7 bilhões não são problema. O problema são os 7% de viciados em recursos naturais.
Veja o relatório da Consultoria Britânica trucost em
http://www.unpri.org/files/6728_ES_report_environmental_externalities.pdf
E um gráfico interessante da população mundial ao longo da história em
http://en.wikipedia.org/wiki/File:World_population_growth_%28lin-log_scale%29.png
Bem colocado. Quando ouço pessoas brandindo argumentos contra o crescimento demográfico, vem-me à memória a velha frase de Caco Antibes: "Eu tenho horror a pobre!"
ResponderExcluirParabéns pelo Blog. Muito lúcido! Abraço
ResponderExcluirMuito bom como porta de entrada. Vindo de você, com certeza teremos muito mais. Ecoabraços
ResponderExcluirLuiz Figueira
Sim...
ResponderExcluirO pensamento (neo)malthusiano é sempre uma ferramenta de tagarelice interessante nas mãos da burguesia.
Seria bom que isso adentrasse na ideologia conservacionista definitivamente...