Perdoem a expressão chula que não mais repetirei, mas este é o nome da semana que inclui o dia do professor. Uma tradição criada em escolas privadas há duas décadas, que o pacto da mediocridade (o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende e o dono da escola finge que paga), dispersou por toda educação brasileira.
A educação traz a ética, o conhecimento teórico e a estética para as pessoas valorizarem o ambiente em que vivem. Conforme se educam, os horizontes das pessoas passam do sorvete para a casa para a rua, a cidade, o mundo. Quando educadas, as pessoas se preocupam com o planeta onde vivem.
A semana do supracitado repleto é o reconhecimento da falência do ensino. Ao invés de tornar a educação interessante, educadores assumem, ao lado dos alunos, que a educação é chata. Inclua todos aí na lista de chatos: professores, pedagogos e reitores. O prédio da escola também é chato.
Emendemos de uma vez o Carnaval ao Dia da Bandeira, e aprenderemos ao acaso, enquanto os professores vão fazer coisa mais útil de suas vidas, plantar batatas, por exemplo.
Os alunos estão gastando mais tempo tomando cerveja e conversando nos corredores do que envolvidos com o processo educativo, enquanto professores se viram como podem em outras atividades para fechar o orçamento. Esta cena pode parecer saída de um filme de ficção para os não educadores. Na verdade nós já emendamos o Carnaval ao Dia da Bandeira.
Recebi muitas mensagens pelo dia dos professores, uma mistura de auto-ajuda com novela mexicana. Pareciam ser sobre algum hobby. Profissão é acerca de vender o único pão que se dispõe, e se a remuneração está ruim, a profissão está ruim. Não há aula possível quando o professor traz uma placa no pescoço dizendo “Sou um otário que trabalha por um salário menor do que qualquer um de vocês irá ganhar quando sair daqui”. A regra é válida para professores do ciclo básico, secundário e universitário. Seus alunos recém-formados ganham mais do que eles. A menos, é claro, aqueles que resolvem seguir a profissão dos seus mestres. Estes ganharão uma placa novinha em folha.
Não se pode admirar intelectualmente alguém que vende sua força de trabalho a preço de banana. Sem admiração não há educação e sem educação não há ambiente sadio.
Na área ambiental, por exemplo, as ONGS já aprenderam que podem contar com a mão de obra barata de professores-doutores. Elas ainda têm o desplante de chamar de “consultores” os escravos que usam para avaliar projetos, dar cursos e escrever artigos. Nenhum demérito com a causa das ONGS, legítimas em sua maioria. As ONGS usam um instrumento de coação para contar com o trabalho escravo dos professores. Muitas delas têm grandes projetos em seu portfólio. Ao servir de mão de obra escrava, os ingênuos professores crêem que irão participar da divisão do bolo. Santa ingenuidade. As ONGS são “hippies” na hora de pagar, mas yuppies na hora de receber.
Veja sua rua, sua cidade e seu país. Nosso ambiente está assim porque nossa educação enche o saco.
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