A coluna desta semana estava pronta até
ouvir Rita Lee cantar Mamãe Natureza no rádio. Se você é muito novo para
conhecer ou muito velho para lembrar, veja lá.
Fiquei lembrando do tempo em que estava
começando sem saber se ia conseguir ganhar algum dinheiro ou se ia só cantar no
chuveiro e pensei nas levas de ex vestibulandos por estas semanas começando
agora nas carreiras ligadas à natureza, como biologia, geografia e engenharia
ambiental e também das outras que acabaram se ligando à natureza como
agronomia, engenharia florestal, arquitetura e tantas outras.
Vi grandes mudanças nos últimos 25 anos.
Falando sobre o refrão da música,
ganhava-se bem mais que algum dinheiro nos primeiros projetos de restauração e
relatórios de impacto ambiental. Como não havia parâmetro de pagamento,
recebíamos pela tabela de engenheiros civis. Talvez hoje com a área mais
estabelecida até circule mais dinheiro, mas individualmente somos pior
remunerados. Por outro lado, hoje é possível começar cedo, fazendo estágios já nos
primeiros anos de faculdade, como sempre aconteceu nas outras áreas.
No começo dos anos 90 não havia nem um
conteúdo estabelecido para disciplina de Preservação de Recursos Naturais. Tive
que criar para meus alunos uma disciplina que eu mesmo não tive quando era
estudante.
Ao contrário, hoje já temos alguns alunos
interessados em trabalhar com ambiente por ser uma área promi$$ora. Nada
contra, ao contrário. Quanto mais gente pudermos atrair, melhores cérebros
poderemos selecionar. E por falar em seleção, muita gente tem sido mesmo expelida
do mercado, indo cantar no chuveiro.
Ainda que as universidades (não todas!)
cumpram o importantíssimo serviço de disseminar conhecimento, a demanda de
profissionais é muito menor que a oferta. Como o mercado sabe que está em
posição “compradora”, acaba podendo exigir línguas, experiência e pós
graduação.
O resultado é que o mercado de trabalho em
ambiente virou uma briga de cachorro grande. Se você está entrando para
conseguir um “empreguinho” bem remunerado, esqueça de sentar no colo da mãe
natureza. Haverá alguém com mais disposição para trabalhar e estudar por longas
horas para aproveitar este colinho.
Não adianta a gente chorar, a mamãe não dá
sobremesa.
Ao menos, esta grande dispersão de conhecimento
ambiental criado pelas levas de universitários irá trazer mais atenção para as
questões que nos afligem, como a recente coalisão entre grandes ONGS e empresas
do setor alimentício que iríamos contar hoje, mas que ficou para a semana que
vem.
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