Desde que
comecei a tentar entender o mundo que vejo dois, e somente dois tipos
ideológicos. Tem os que acreditam no indivíduo construindo o todo, chamados de
direita, conservadores, capitalistas, neo liberais etc. e os que acreditam que
o grupo constrói o individuo, que são os de esquerda, socialistas entre tantos
outros termos.
Ao longo do
tempo parece que a cisão tem aumentado e as pessoas nem mais se preocupam em
dialogar, informar-se ou melhorar seus argumentos. É mais fácil reafirmar as
próprias certezas dentro do próprio grupo e a internet ajuda muito isto.
A visão de
ambiente nos dois grupos difere bastante, com os conservadores historicamente
resistindo mais a limitações individuais em prol de um ambiente que é sempre
coletivo. O povo da esquerda, ao
contrário, sempre foi mais simpático à causa e talvez por isso melhor
informados, mas também muitas vezes despregados da realidade.
Mas a
coisa parece enfim estar mudando. Exatamente por minha inclinação à esquerda
que assino dois veículos mais à direita, Estado de São Paulo e The Economist. Um deles estampou na capa
no último sábado que a concentração de CO2 é a maior em 800 mil anos. O segundo no dia 14/09 fez excelente matéria sobre extinção de
espécies, com profundidade de livro-texto e leveza jornalística.
Estes dois
veículos falam para um grupo esclarecido de pessoas que percebeu que sem
ambiente não há nada, inclusive empregos ou investimentos, mas eles precisam
caprichar nos argumentos e dados, pois muitos de seus leitores torcem o nariz
para qualquer idéia ambiental como coisa de comunista e ponto final.
Há também
os antigos desinformadores de sempre, mais preocupados em entregar o que as
pessoas querem ouvir, do que informar. Nesta semana, por exemplo, a Revista
Veja desesperadamente imprimiu um “IPCC tenta resgatar credibilidade” quando não
seria mesmo possível torcer as palavras do relatório para negar as alterações
do clima. O mesmo costuma fazer o tablóide inglês Daily Mail, de quem a Veja
costuma cortar e colar matérias.
Direita ou esquerda tanto faz por uma
simples razão, o coletivo não vive sem o individual, eu não vivo sem você, você
não vive sem mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário