sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Aperto do clima

Nesta semana vimos os presidentes das duas nações campeãs de emissão de carbono apertarem as mãos fechando um importante acordo para futuras reduções.
Em minha cabeça pairam dúvidas se a coisa é para valer. Até compreendo que não se pode reduzir as emissões de paises inteiros do dia para a noite, mas muita coisa pode mudar no prazo de 10 anos para os EUA reduzirem suas emissões para pouco mais de 4 Petagramas de Carbono/ano, ou nos 15 anos acertados para a China parar de aumentar suas emissões.
Na pouco democrática República Chinesa, as condições para cumprir o trato talvez sejam melhores, mas nos EUA o cabelo de Obama ficará ainda mais branco para que o Congresso Republicano recém eleito aprove o trato com os chineses.
Ainda que o argumento republicano de que “não adianta reduzir as emissões se os chineses também não reduzirem” esteja agora enfraquecido, ainda sobra o outro de que a redução de emissões irá levar a redução de empregos. Obama terá que provar que há suficientes empregos e atividade econômica na mudança da matriz energética norte americana.
O acordo também prepara o clima (não perdoem o trocadilho) para a reunião de 2015, em Paris, que pretende chegar a um acordo internacional de limitação de emissões com validade legal, já que o anterior de Kyoto foi um fracasso total, em parte pelo fato de não contar com a assinatura norte-americana.
Se este trato se mantiver pelo menos até o fim de 2015, há boas chances dele ter conseqüências positivas no encontro de Paris. Aliás, o timing foi perfeito para causar marola já no encontro do G20 deste fim de semana, que ocorre sob a batuta do retrógrado líder Tony Abbott. Ele que mereceu o bem humorado protesto de um grupo de australianos enfiando a cabeça na areia, pensava em desviar a atenção da reunião para longe das mudanças climáticas. O histórico aperto de mão de Obama e Jinping irá provavelmente frustrar as expectativas do líder.

Apesar do ceticismo que os anos trazem, não escapei de certa esperança ao ver 40% das emissões de carbono mundiais (China + EUA) concordarem em serem mais bonzinhos daqui por diante.

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