sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Quem quer faz, quem não quer manda.


Em 2002 a banda Coldplay lançou seu muito bem recebido álbum A Rush of Blood to the Head, cuja emissão de carbono seria neutralizada pelo plantio de 10.000 pés de manga na Índia, mas eles não fizeram, mandaram uma ONG fazer, que mandou outra e ao fim somente 300 mangueiras foram plantadas, que talvez não tenham sobrevivido à seca.
Aqui em casa, depois de quase dois meses sem chuva, junto com as altas temperaturas de outubro e novembro, o solo estava seco, duro e rachado, e até mesmo as resistentes mangueiras estavam muito secas, ameaçando morrer. A água da chuva acumulada nas cisternas já havia acabado há semanas e a solução seria ou deixar morrer ou gastar água tratada.
Isto, até que a mulher que amo inventou de esperar a água do chuveiro esquentar com um balde. São oito litros por banho. Como o nosso Pedrinho toma banho comigo, são 16 litros de água por dia, que salvaram não só nossos pés de manga Palmer e Tommy Atkins, mas também a Uva Niagara, Abacate, e Carambola, estes só na parte da frente do terreno.
Os da parte de trás, macieiras, mexiriqueiras, limoeiros, laranjeiras e tantos outros foram salvos com água de fossa mais ou menos filtrada. Repugnante para mim e para você, mas deliciosa para as plantas, ciosas de nitrogênio da urina, fósforo dos detergentes e potássio dos sabões.
Se você está receoso de ir para São Paulo agora que eles vão reutilizar a água de esgoto, deveria pensar duas vezes. Toda cidade que bebe água de rio, bebe esgoto diluído, excluindo talvez algumas da Região Norte. O esgoto que passou por superfiltragem em membrana e depois foi esterilizado com ultravioleta é muito melhor que a água que as companhias retiram dos rios para abastecimento.
Se quisermos enfrentar as secas que vem por aí sem carregar latas de água na cabeça precisaremos empregar esquemas criativos de acumulação, reuso e reciclagem, além da economia pura e simples.
Se você quiser ver isto acontecer, terá que fazer e não mandar fazer.

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