Um dia, quando estiver velho o suficiente para não dever
mais nada a ninguém, nem mesmo bom senso, estas colunas serão mais etéreas e me
libertarei de fazer um intróito, desenvolvimento e conclusão.
Falarei então de coisas soltas, de por exemplo, como conheci
o interior da Argentina na semana passada, e como a região me lembrou uma volta
ao passado que fiz viajando ao interior do Paraguai. Nos anos 90 ainda se via por
lá madeireiras em plena atividade. Recém chegado na UEL, enxerguei isto como
uma visão do passado de uma Londrina que não conheci.
Já a província de Misiones, na Argentina, me pareceu agora
uma visão do futuro, de como poderíamos ser se tivéssemos mantido mais de nossa
floresta.
Nesta semana estou no interior de São Paulo, onde tudo mudou
desde que deixou de ser minha casa.
Abrindo a janela do hotel no que já foi a pacata Rio Claro,
lembrei-me de um sem número de cidades norte americanas, com hotéis diante da
rodovia dupla ao lado das franquias de fast food e drogarias.
Escondido nas ruas secundárias estão os paralelepípedos
polidos pelas ferraduras e rodas de metal e as casinhas antigas com a janela na
calçada. Sempre que dá, as casas antigas dão lugar às novas, assim como também ocorreu
no Norte do Paraná.
Em todo lugar, cremos que seria chique trocar o que nos é
próprio por esta gosma arquitetônica internacional, igual em todo mundo,
despersonalizada.
Qual será o custo ambiental de demolir tanta coisa e reconstruir ao gosto da época ? E para quê, exatamente?
Seria para que não viajemos, não saiamos de nossos sofás?
Voltando para casa, passei pelo Rio Tietê, lindo, gigante e
limpo lá pelo meio do estado, e pensei que toda água que falta na Cantareira,
sobra no Tietê. Não é ali que afinal termina toda água que é retirada dos
mananciais ao redor de São Paulo, depois de uma rápida passagem por vasos
sanitários, pias e chuveiros? Que vontade de voltar para minha casa, onde ao
menos lá, não coopero para nenhuma dessas porcarias.
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