Na semana passada contamos como o glifosato, o mata-mato mais
usado em todo mundo, repete a história dos inseticidas organoclorados, já
banidos há décadas.
Os inseticidas neonicotinóides são mais uma variação sobre o
mesmo tema; Quando inventados, prometem maravilhas, mas o tempo termina por
mostrar seus problemas.
Desde sempre pequenos agricultores usam água de fumo para matar
insetos. Daí nas décadas de 80 e 90 passamos a purificar os princípios ativos
encontrados nestas infusões de tabaco para aumentar seu efeito. Como não existe
almoço grátis, este trouxe efeitos colaterais.
A história contada até agora era que princípios ativos como acetamiprid,
clothianidin
e imidacloprid eram quase que “naturais” porque foram copiados da natureza e
têm efeito residual curto, mas esta história é enganosa, conforme mostrou um
artigo publicado neste mês na revista Nature.
Na Holanda, áreas com mais de 20 nanogramas por litro de
imidacloprid na água, sofreram redução de 3,5 porcento anuais na população de
aves, sendo aqueles locais com maiores concentrações, também os mais afetados.
Análises adicionais mostraram que esta tendência iniciou-se junto com o emprego
de imidacloprid na Holanda, nos anos 90 (Imidacloprid é o inseticida mais amplamente
usado no mundo atualmente).
Esta descoberta mostra que foi correta a medida da
Comunidade Européia de banir o uso de alguns neonicotinóides em resposta ao
colapso de colméias de abelhas em ocorrência ao redor do mundo, causado também pelo
uso desta classe de inseticidas.
A possibilidade de usar uma varinha mágica e acabar com as
pragas da agricultura (ou daninhas, ou doenças) é até atraente, mas nestes três
casos, o dano causado pelo aprendiz de feiticeiro acabou sendo muito maior do
que lidar com o problema como sempre fizemos; melhorar a nutrição das plantas,
empregar variedades resistentes, alterar datas e modos de plantio.
Enfim, parece não haver escapatória ao bom e velho bom senso
agronômico.
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