Pouca gente lê os artigos científicos que são a razão de
viver de professores universitários e pós-graduandos de hoje em dia, mas há um
trabalho que merece sua atenção porque alerta para uma substância muito usada
na agricultura, cujos danos ocorrem a longo prazo.
A história não é de nenhuma forma nova. O Professor Otto
Solbrig, meu orientador em Harvard, por exemplo, publicou seu primeiro artigo
científico sobre a maravilha que iria ser a agricultura sem insetos que os
organoclorados iriam possibilitar. Como os organoclorados causam benefícios a
curto prazo (matam os insetos) e prejuízos a longo prazo (câncer em mamíferos),
levou algum tempo para que as pessoas percebessem o problema. Naturalmente, os
fabricantes não ajudaram muito para conhecer os problemas associados aos
organoclorados.
Hoje os organoclorados estão banidos e esta história é
passado. A substância da vez é um mata mato, ou herbicida como preferem os
agrônomos.
O Glifosato é usado em todo o mundo, e recentemente a
invenção de plantas como soja e milho que são resistentes a ele viabilizou sua
aplicação após o plantio. Você deixa o mato crescer, porque poderá mata-lo
mesmo com a cultura crescida, não é maravilhoso?
Seria, se a história parasse por aí. Em 2012 Gilles-Éric Séralini publicou o primeiro artigo que acompanhou ratos
durante toda sua vida, comparando grupos que se alimentaram de milho R-tolerant
NK603 9 (resistente a glifosato), assim como um grupo que bebeu água com 1ppm
de glifosato, que equivale a colocar uma gota em 100 caixas de 1000l. Escrevi
uma coluna sobre isto em setembro de 2012. A grande diferença deste estudo foi não
parar depois de alguns meses, acompanhando os ratos por toda sua vida.
Vi que o artigo havia acertado na mosca quando li as
criticas da Monsanto, descabidas tanto biológica quanto estatisticamente,
apesar da altíssima qualificação de seus pesquisadores, e por isso fiquei muito
surpreso quando o periódico “despublicou” o artigo em 2013, mas logo entendi
quando descobri que o novo diretor da revista é ligado a Monsanto.
“Despublicação” é para fraudes, e esta desconfiança não existe em relação a
este artigo.
O último lance da novela é que o artigo passou por uma nova
revisão por pares e foi “republicado” em outro periódico, Environmental
Sciences Europe, que avaliou o artigo agora pela terceira vez, atestando que
glifosato, mesmo em pequenas quantidades, e a variedade de milho geneticamente
modificada R-tolerant NK603 perturbam o sistema endócrino de ratos, levando ao
aumento de incidência de câncer. Está claro ou precisa desenhar?
Oi Efraim,
ResponderExcluirMe chamo Luiz Cabral e gostaria de comentar seu post. Infelizmente, meu comentário e mito grande e não cabe na sua caixa de comentários. Você poderia me passar seu email?
Um abraço,
Luiz