sexta-feira, 25 de julho de 2014

Bife perigoso

Nesta semana inauguramos o engenho de cana lá em casa, para alegria dos tomadores de garapa de cana cayena. Para mim é um jogo empatado, porque a energia que gasto naquela manivela é reposta imediatamente pelo copão de glucose integral, o que me colocou em pé de igualdade com os carnívoros do pleistoceno. Naquele tempo, quem quisesse comer carne tinha que correr um monte e não era na sombrinha do supermercado.
Hoje temos acesso fácil à carne e os prejuízos disto são ainda mais amplos que as doenças coronarianas e obesidade. A produção de carne é causa de impactos ambientais de natureza diversa em todo planeta, por causa dos subprodutos com má destinação, poluição de águas, emissão de metano no rúmen, gasto de energia para refrigeração e também pelo gasto calórico dos animais. No caso dos bovinos, de cada 100 calorias do material vegetal de que eles se alimentam, somente 3 viram carne.
Percebe como a Ásia conseguiu, por milênios, alimentar grandes populações sem torrar reservas geológicas de combustível fóssil? Só de reduzir a proporção de carne na dieta, já se reduz enormemente o impacto ambiental da produção de alimentos.
Historicamente, populações que enriquecem, passam da alimentação fibrosa, para as amiláceas e daí para os açucares e proteína animal. Como a população mundial está enriquecendo (além de estar crescendo), a perspectiva não é das melhores.
Talvez estejamos vivendo o início de uma mudança. O consumo de carne per capita não para de cair nos EUA desde 2007, após crescer por mais de um século, já tendo se reduzido em 12% neste período. É possível que as pessoas mais educadas estejam tentando um caminho mais saudável para si próprias ao reduzir a ingestão de calorias e de proteína animal. Os próximos anos mostrarão se a tendência se ampliará para outros cantos do mundo que já têm segurança alimentar.
Os ricos devem fazer isto não só para seu próprio bem, como também para contrabalançar o impacto iminente do enriquecimento de centenas de milhões de pessoas.

Este bife traz problemas não só para quem os come, como também para todos terráqueos.

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