Compostar é transformar resíduos em matéria orgânica.
Comecei a pensar nisto ainda nos bancos da escola de agronomia, quando aprendemos
sobre tudo o que o húmus faz em um solo, e como a agricultura convencional não
se preocupa muito com isto.
Uma semana depois de formado, minha primeira ação foi
comprar um balde grande e começar a compostar os resíduos de casa.
Os anos e as pilhas de composto se passaram e fui aprendendo
não só como compostar, mas também a entender o que se passa na cabeça das
pessoas que compostam (e das que não compostam).
No começo de minha vida profissional tive que deixar a coisa
um pouco de lado. Naquela época em Harvard não se falava em compostagem, e
ainda hoje a coisa lá está mais para nojo que para realidade. Veja uma foto
sobre a postura mais errada que você pode ter.
Mas voltando ao Brasil, comecei a compostar todo o lixo de
meu apartamento na varanda e depois passei a compostar em escolas.
No começo achei que iria por a coisa para funcionar em uma
escola para depois passar para outra. Nada disso. Escolas trocam seu pessoal a
cada ano e portanto exigem um trabalho constante.
Também achei que fosse ensinar as escolas a compostar. Já na
segunda escola mudamos radicalmente o modo de trabalhar e inventamos um
protótipo de composteira onde o lixo não cheira de jeito algum, e foi a escola
que me ensinou isto.
Foi também nas escolas que aprendi que a idéia de transformar
lixo em adubo tem muito mais inimigos do que parece. São inimigos silenciosos,
que agem à sorrelfa, escondidos até de suas próprias consciências.
- Sou super a favor de compostagem, mas... (e lá vem
desculpa)
Uma década de compostagem em escolas me mostrou
principalmente que a maior autoridade de uma pessoa é seu exemplo. Minha
autoridade para dizer que qualquer um pode tratar seus resíduos em casa não vem
de titulação acadêmica ou conceito subjetivo. Ela vem de ter feito isto. Se eu
fiz, você também pode.
Compostar é, afinal, muito mais que produzir matéria
orgânica. Compostar é uma metáfora poderosa acerca de cuidar de si próprio e do
mundo.
O discurso está bonito. Mas, não achei nenhum manual para o leigo. O que podemos compostar? Dá mosca, mau cheiro, larvas? Como constrói a compoteira? Onde podemos colocá-la? Pode pegar sol? Enfim, as orientações devem estar ligadas ao post, para que não fique apenas no discurso.
ResponderExcluirOi Patty, obrigado por me lembrar de dizer duas coisas. A primeira é que voce encontrará uma cartilha de compostagem em meu site www.efraim.com.br. A segunda é que a compostagem é capaz até de melhorar o humor das pessoas.
ResponderExcluirOlá prof. Efraim,
ResponderExcluirMuito legal sua cartilha, obrigada por compartilhar!
Gostaria de fazer minha compostagem na sacada do meu apê e tenho umas perguntas, se puder me ajudar:
- funciona bem no frio? (Moro na Alemanha)
- quais seriam suas sugestoes para restos de comida mto úmidas, com partículas mto pequenas ou pedacos grandes?
Obrigada desde já e vou repassar sua cartilha para meus amigos!
Oi paula,
ExcluirNas horas que sua composteira estiver muito fria, ela deve parar, mas isto nao é problema. Em todos os casos, quanto mais fragmentado melhor, o problema é que cortar dá trabalho, e o nivel de abnegação das pessoas é variável.
Prezado prof. e colega Efraim,
ResponderExcluirTambém sou prof. (Computação) e lhe acompanho há um tempinho. O início foi a leitura de um livro seu sobre a relação entre orientadores e orientandos, que sempre sugiro aos meus alunos! :)
Sobre compostagem, eu minha esposa moramos numa casa e fizemos uma horta há um tempinho. Com a preocupação em aproveitar o lixo que produzimos, começamos a descartar restos de frutas e similares na terra da horta diretamente. A terra tem assimilado o material, mas isso tem atraído moscas. Baixei sua cartilha e li que é possível colocar o material diretamente na terra, mas acho que seria para o preparo do adubo em separado, certo? Há alguma maneira de eliminar a ocorrência dessas moscas?
Abraços e parabéns pelo trabalho!